ô me salve o toré dentro da minha aldeia
O toré cantô na minha aldeia
ô me salve o toré dentro da minha aldeia
Bem, esta é a cantiga que abre este blog. Em cantos da mata vai registrar minha experiência cantada com o culto de entidades afro-brasileiras cultuadas em sua maioria em terreiros e tendas de Umbanda. Os Caboclos, Boiadeiros e "Iluminados" em geral ( ;) ).
O blogueiro que vos escreve não é necessariamente umbandista. Eu estou "infurnado" no candomblé (nação ketu) desde uns 8 anos de idade. Contudo meus pais carnais ( mais especificamente minha mãe ) e os pais espirituais ( digamos assim ) tem sua origem em um terreiro de umbanda. Por conta disso, mesmo em uma casa de santo, como se chamam os terreiros de candomblé, cultuava-se com fins de caridade a população local, estas entidades.
Um dia eu explico o motivo pelo qual o blog não é de cantos do candomblé. Mas neste post pretendo só explicar um pouco da mecânica do blog.
Vamos lá. A idéia é registrar e mostrar um pequeno contexto dos cânticos entoados para caboclos e boiadeiros. Lembrando que isso é sobre a minha experiência , e não tem nenhuma pretenção de ser O Registro de cantigas.
Vou buscar seguir alguma sequência, mas ela pode eventualmente ser quebrada por uma lembrança de algo pontual que me venha a mente.
Vamos começar?
Bem a cantiga que abre o post, faz referência ao Toré. Este é como chamamos o instrumento que para crianças até 6 anos, eles juram que é o chocalho . E é basicamente isso mesmo. Podem ser feitos de palha, cuia, madeira, etc . Dentro é preenchido com favas, conchas, pedrinhas e outras miudezas que fazem barulho. De fato é um nome dado ao instrumento que originou-se do ritual indígena Toré ( ritual o qual se usam o chocalho na maioria das ocasiões e tribos ). Sem uma pesquisa muito extensa, encontramos o seguinte:
Demonstração no youtube : http://www.youtube.com/watch?v=IvAT4Xue66w&feature=related
Esta cantiga, abre a maioria dos rituais quando vamos invocar os caboclos de uma forma geral.
Poderia falar mais sobre o motivo pelo qual este toré faz sentido no ritual de caboclos e boiadeiros, mas vou me ater a lembra-los que estas entidades eram em sua "maioria" índios, ou filhos e netos de índios, onde a cultura do toré era passada verbalmente, e se perdendo aos poucos em sua totalidade com a ajuda dos jesuítas. Quando digo eram , me refiro ao fato que os mesmos são hoje entidades e espíritos que outrora estiveram vivendo aqui na terra com nossos , ou como nossos, antepassados.
Obs: Espiritualmente falando existem várias linhas de cablocos como os espíritas/umbandistas falam. Contudo , quando na maioria das vezes eu citar caboclo, pense em um ameríndio tradicional. Lembrem a idéia é cantar, não contar a origem de TODOS as entidades ok?
Pra começo de conversa está legal. Até a próxima.
*cantô : Se acostumem, é natural os cânticos serem entoados com "erros", muitas vezes, só é possível ritmá-los com estes erros. O motivo geral pode ser, a princípio, deduzido avaliando a origem dos nossos antigos "compositores" ;) .